sábado, 16 de junho de 2007

KAWANGWARE - 1 -


Domingo, dia 10 de junho, Lídia e eu fomos a Kawangware, um dos bairros pobres de Nairobi. Temos uma das comunidades da paróquia neste bairro. Eles estão sem pastor temporariamente e um Evangelista dirige o trabalho, apoiado pela liderança local. Mas um Evangelista não pode dar a Absolvição nem celebrar/consagrar a Santa Ceia. Por isso, uma vez por mês um pastor ordenado vai lá oficiar o culto com Santa Ceia. Esta foi a minha vez e foi uma experiência bem gratificante.
Havia chovido toda a noite anterior e pelas fotos dá para ter uma idéia como estavam as ruas de acesso à igreja. O organista da congregação nos esperou em um ponto combinado e dirigiu à nossa frente até chegarmos à igreja (eu ainda não aprendi o caminho sozinho...)
A igreja e demais instalações são bonitas, mas devido à poeira e ao barro, tudo tem o aspecto de sujo.
O povo é muito acolhedor e ficaram muito contentes com a nossa presença lá. É a 2ª vez que estive lá, mas a primeira vez que oficio o culto. Uma senhora, Da. Edna Ouma, é a Presidente da congregação; é uma líder muito ativa também no distrito.
Conheço vários membros do encontro de Corais e também das reuniões de Professores de Escola Dominical da paróquia, que coordeno junto com a Diaconisa Mary.


Kawangware - 2 - Os meninos-de-rua

Kawangware é um bairro muito pobre, quase favela. E tem muitos meninos de rua, alguns órfãos, pois seus pais morreram de AIDS. Os jovens da comunidade têm um trabalho com estes meninos de rua; aos sábados eles vêm para a igreja, recebem água e sabão para lavar as roupas e tomar um banho, e recebem comida. Procuram também dar alguma orientação profissional para eles. Muitos deles vivem da venda de papel e metal, catados no lixo.
Domingo, antes do culto, um jovem dirige um momento devocional com eles e ensaiam cantos sacros com eles. Quando chegamos na igreja, estava justamente terminando o culto com estes meninos de rua.
O grande desafio que a comunidade tem é construir um abrigo (albergue) para estes meninos de rua e ter um programa mais efetivo com eles. Pois dói despedir estes meninos de volta para a rua, sem casa, sem lar, sem ter onde dormir, naquelas ruas todas de terra: embarradas quando chove, ou empoeiradas no tempo seco.

Kawangware - 3 - O culto



O culto estava programado para começar às 10h, mas começou às 10:30h; e foi até passada da 1h da tarde! O pessoal aqui não tem pressa e nem olha pro relógio. Se um hino tem 15 estrofes, eles cantam as 15 estrofes. E depois do culto ainda tem ensaio do coral, etc. etc.
A liturgia foi "herdada" dos primeiros missionários alemães que vieram para a Tanzânia e inclui alguns hinos tradicionais que cantamos também no Brasil. (O luteranismo da Tanzânia, país vizinho, exerce forte influência sobre a igreja aqui; e há muita gente da Tanzânia morando no Quênia). O hino de entrada do pastor invariavelmente é o "Deus está presente", cantado bem solene e devagar, (como era antigamente). A sonoridade do canto da liturgia emociona. Em compensação, os hinos mais atuais são cantados num ritmo que é impossível ficar quieto: o corpo exige movimento!!!
O Evangelista dirigiu toda a liturgia em Swahili e traduziu o sermão. A maioria entende inglês, mas às vezes não captam direito o sentido; por isso é bom que seja tudo traduzido.

Kawangware - 4 - Os corais

Três corais abrilhantaram o culto. Os dois corais maiores sentam um à frente do outro, e parece uma competição. É bonito de ver as coreografias, bem sincronizadas. Observe a primeira foto: dá para ver o movimento das pessoas. Tem uma menininha albina, que canta com a mãe no coral, já fazendo os gestos também.
O coral masculino dos jovens tem um estilo diferente dos demais. Eles têm planos de gravar um CD e estão em busca de patrocínio. Estes mesmos jovens do Coral são os professores da Escola Dominical e alguns deles fazem parte da Diretoria (Elders) da congregação.
A sonoridade dos corais é algo à parte: MUUUUITO BONITO mesmo!!! O timbre das vozes e a harmonização diferente do que estamos acostumados no Brasil.






Kawangware - 5 - A Escola Dominical







Quando as crianças vão para a Escola Dominical, durante o culto, elas vem à frente, se ajoelham e recebem a bênção do pastor, com o sinal da cruz. Havia cerca de 60 crianças neste culto. Como não tem lugar para todas ajoelharem ao mesmo tempo, à medida que elas iam recebendo a bênção, se levantavam e davam o lugar para os outros.
A salinha da Escola Dominical é muito pequena para tantas crianças. Após o culto, várias vieram perto nós e pediram para tirar uma foto. São crianças muito animadas.

Kawangware - 6 - Apresentação do ABLAZE


Aproveitamos a oportunidade para introduzir o ABLAZE (Aquecendo Corações) nesta comunidade. Além do folheto explicativo, cada um recebeu o pequeno folheto para registrar os contatos missionários a serem feitos durante a semana, e tiveram oportunidade de adquirir o bracelete do ABLAZE. Todos ficaram muito empolgados com a proposta evangelística.




Kawangware - 7 - Santa Ceia e Despedida







A Santa Ceia foi o momento muito esperado, pois eles não têm Santa Ceia todos os domingos (só quando vem um pastor ordenado para celebrar a Sta. Ceia). Com muito respeito todos se ajoelham para receber o corpo e sangue de Cristo sob o pão e o vinho.
Esta comunidade tem alguns membros massais; observem na foto de costas as orelhas furadas e longas de um deles; eles também arrancam os dois dentes de frente, embaixo. O ex-pastor desta congregação é um massai e tem um conjunto vocal muito bom, que excursionou recentemente pela Finlândia, sob patrocínio da LEAF - Lutheran Evangelical Association of Finland.
Após o culto, todos se colocam em círculo do lado de fora da igreja para a despedida: o coral cantou mais um hino e todos se cumprimentaram.
O crédito das fotos é da Lídia; além de todo o apoio que ela sempre tem me dado, ela também é a fotógrafa oficial dos cultos e outros eventos. Sem o trabalho dela, seria impossível fazer estes BLOGs.